Magneto Freire


Há aqueles que dizem que não se importam com lacração em filmes, pois se a história é boa, é possível relevar. Isso não é bem verdade. Para assistir a filmes ou animações de ficção é necessário o que chamamos de suspensão de descrença. Quando naves espaciais fazem barulho no espaço, por exemplo, você precisa fingir que não sabe que o som não se propaga no vácuo e passar pano para aquele furo, do contrário a sensação de escapismo que buscamos na fantasia se estraga e o encanto se quebra. 

É necessário também suspensão de inteligência, já que por vezes as falas são burras, então você tem que fingir que é asno para não arruinar a fita. É o que você tem que fazer, por exemplo, para assistir Barbie. Fingi ser um jumento com QI de ameba durante o filme e me diverti bastante. Se você não precisou fingir que é burro para se divertir vendo filme de boneca patriarcal feminista, não vou tentar explicar o que aconteceu de errado porque você não vai conseguir entender. 

Evidente que para tudo há limites, e a fala megalacrosa do Magneto em X-Men '97 sobre quem pensa diferente, tem sexo ou cor diferente ser punido ultrapassou com folga minha capacidade de simular asnosidade. Nenhum mutante sofre preconceito na história em razão de raça, sexo ou crença, e todas as classes diversotárias estão representadas tanto na população de humanos quanto na de mutantes na história.

A cereja do bolo fica para o momento Magneto Freire, em que ele diz que os oprimidos se tornam opressores. A turma da lacração super se identificou com essa pérola diversotária, mas ainda assim vão dizer que estou delirando quando falo que Magneto é o woke da história.  Como já dizia o ilustríssimo professor Paulo Freire em raro momento de lucidez premonitória, o sonho do oprimido é se tornar opressor.

O mais demente com esse discurso lacroso é que nem para crítica social palerma não serve. Ele me lembra os saudosos tempos do crítico social ph0d@, que queria ph0der com tudo com sua crítica ph0derosa, mas só o que conseguia era ph0der com meus neurônios. Nos EUA hoje, em razão das políticas diversotárias de DEI e ESG, ter sexo ou pele diferente não garante punição, mas privilégio, regalias e oportunidades que só uma cultura de ódio do bem pode dar a você.

Punido é o indivíduo com sexo e cor igual. Para conseguir emprego em Hollywoke hoje, por exemplo, ou você não é branco, ou não é homem, ou não é hetero. Isso significa que, para não ficar no fim da fila do RH, a única saída para homens brancos é dar o popô. Se você não aceita dar o popô de livre e sentada vontade, vai terminar enrabado, pois o clima geral é de ou dá ou chupa. Isso explica porque o índice de não normativos na indústria do cinema é bem mais alto do que na população em geral. O capitalismo woke é mesmo selvagem, já que a situação não está muito diferente fora de Hollywoke, e o pessoal está sentando na jaca com fúria para conseguir um lugar ao sol.

Engana-se entretanto, quem pensa que ser diferente é condição suficiente para ser bem-sucedido na economia americana. É inútil ser uma mulher translésbica comunista negra gorda pansexual gender fluid portadora de necessidades especiais. Se você não "pensa diferente", seu status na pirâmide da compressão é o mesmo de um homem branco cisheteronormativo machista, racista, transfóbico e fascista que tem um pacto com o demônio, o maligno e maquiavélico Orange Man.

E é por isso que os alienígenas nunca entraram em contato conosco. A suspensão de inteligência necessária para permitir uma interação frutífera com humanos está acima do que eles são capazes de suportar. 

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