H.P. e a P.F
O meme de que alguém deixa de comprar livro por que o autor é mulher é avô do fake news de que alguém deixa de ver filme por causa de protagonismo feminino. Não é preciso muitos neurônios, portanto, para concluir que a história de que J.K. Rowling precisou esconder que era mulher para conseguir vender livro é falsa.
Cada vez que alguém inventa essas lorotas literárias, M.W. Shelley, autora do clássico romance Frankenstein, se revira no túmulo. Embora eu tenha abreviado seu nome, Shelley nunca precisou fazê-lo para vender livros. J.R.R. Tolkien, H.G. Wells, T.S. Eliot e H.P. Lovecraft também não, mas isso não vem ao caso.
O caso é que Rowling já revelou que a razão¹ pela qual abreviou seu nome foi a paranoia causada pelo fim de seu conturbado casamento. É verdade, entretanto, que os editores estavam pensando em abreviar seu nome. Ironicamente, a razão é precisamente a inversa da sugerida no meme do J.K. Lorota em circulação, já que a abreviação foi sugerida porque os editores acreditavam que Harry Potter era uma história que meninos também iriam gostar.
Abreviar o nome da autora, portanto, era uma maneira de fazer um marketing unissex do livro, evitando passar a ideia de que H.P. e a P. F. era uma história para meninas. Os editores estavam certos, e a história de J.K. provou ser um produto unissex para eles, elas, elis, elos e também elus.
Esse tipo de marketing projetado para atingir o maior número de pessoas possível, entretanto, já está obsoleto. A moda agora é o marketing nenhumssex, bastante usado em Hollywoke, em que os produtores deixam claro que seu filme com público alvo masculino não é para homens. Como também não é para mulheres, a única coisa unissex nessa brilhante estratégia para fabricar flopbusters é a vontade de não ir ao cinema.