The Predador is forMale

 


Ainda vejo gente acreditando que cultura woke já existia há muito tempo, e que havia alguma coisa woke no cenário antes de 2010. Isso é impossível. Um dos fenômenos genuinamente woke que temos hoje, por exemplo, é a narrativa do "esse filme não foi feito para você", abominação que com certeza ninguém ouvia antes de 2010.

O filme Predador (1987), com Arnold Schwarzenegger, é um dos mais testosteronados que eu já vi. No Team Arnold há vários Rambos inflados na base do frango com suplemento mais remedinho pra cavalo. Todos fazem papéis de machos nervos de aço casca grossíssima, do tipo que faz barba com faca, trata infecção no cuspe com catarro, arrota forte depois de tomar Coca-Cola, tira meleca do nariz enquanto está no carro aguardando o semáforo e faz cara de paisagem depois de peidar em elevador lotado. 

Blockembusters têm orçamento alto, portanto a produção tem interesse de que eles sejam vistos pelo maior número de pessoas para se pagar e produzir lucro. Do ponto de vista empresarial, portanto, não faz sentido uma campanha de marketing The Predador is forMale, por exemplo. Alguém com uma estratégia desse tipo na década de 1980 seria considerado mentalmente perturbado, na melhor das hipóteses alguém tentando lançar um produto direcionado para o público gay. 

Idem se o sujeito tivesse a ideia de notificar mulheres que Predador não foi feito para elas. Qualquer mulher é perfeitamente capaz de concluir sozinha que um filme que pinga testosterona e fede a cueca raspada foi pensado para atender as especificações dos meninos, então a própria ideia de que é necessário notificá-las disso seria também considerada coisa de perturbado mental.

Mesmo sendo um blockembuster for boys, nada impede que as girls assistam. Se alguma não gostar do filme, entretanto, ninguém vai ficar dizendo que ela tem feminilidade frágil, que está com medinho dos bíceps do Arnold ou não consegue aceitar que o filme não foi feito para atender especificamente seu gênero. Isso seria considerado sinal de perturbação mental também. Ainda que alguém fosse capaz de tal demência, não seria demente o suficiente depois disso para dizer que mulheres odeiam homens ou tem medo de machos fortes e pintudos porque não querem mais acompanhar a franquia que não é para elas, pois isso seria considerado sinal de perturbação mental extrema.

No meu tempo, perturbado mental era o nome que a gente dava para o que hoje as pessoas entendem como woke. Doido na minha época a gente tratava, colocava na camisa de força, aplicava 30ml de Paracetamal na veia e enfiava um supositório XXL de malucolina bisurada no popô na tentativa de sanar aquela insanidade. Hoje o perturbado mental anda solto por aí dizendo coisas como bissexual não-binário, sexo é um espectro, genitais são uma construção social, homens também menstruam e outras pérolas. Se for demente o suficiente ganha cargo de CEO em Hollywoke para transformar em peso para papel marcas consagradas que valiam bilhões de dólares, então não, não tinha essa tal de cultura do perturbado mental, digo, cultura woke antes de 2010.

Postagens mais visitadas deste blog

A Casada e o Shortinho

O Fardo da Mulher Extrovertida

Calabresa Fagundes

Iara Dupont

O Mundo de Cinderela