BBB 23

 

Na edição desse ano do BBB, como esperado, a Globo priorizou a representatividade. Os participantes representam com fidelidade a cútis do povo brasileiro, no caso, a cútis do povo brasileiro padrão global: gente jovem, livre de deficiências, esbelta, estética e economicamente privilegiada. São também representantes dazelite intelectual do país, o que os habilita a falar asneiras com aquela empáfia de quem tem cultura suficiente para não saber que não faz a mínima ideia do que está falando. Super tendência hoje em dia, especialmente nas redes sociais. A produção investiu pesado em diversidade também, então há uma grande diversidade de pessoas totalmente homogêneas na casa, todas com o perfil que a Globo precisa para vender reality show para o povão farofeiro. 

Confesso que não comecei a ver o BBB23 ainda, mas estou acompanhando pelas redes e periódicos. Pelo que consegui entender, o que aconteceu de irrelevante na casa até o momento é mais ou menos o que segue, mais para menos do que para mais e não exatamente nessa ordem:

Sister 1: Não pode falar criado-mudo, pois isso é racismo. Sei que é porque uma empresa que queria vender móveis fez uma campanha de marketing¹ dizendo que trocou o nome dos seus criados-mudos para mesa de cabeceira para lutar contra o racismo. Já comprei quatro dessas mesas, mas devem estar com defeito, pois nenhuma falou comigo até agora.

Brother 1: Vidas gordas importam e são saudáveis porque eu sou médico e todo mundo sabe que médicos sempre têm razão. Além disso,  mimimimeu pai me expulsou de casa porque sou gay. Para piorar a situação, uma enfermeira branca não me deixou entubar um paciente porque eu não era médico, então eu me formei em medicina só para entubar a enfermeira branca. Mimimi racismo, mas pode ser homofobia também se isso me ajudar a escapar do paredão.

Brother 2: Sou um homem gay também, mas às vezes dou um tapa na perseguida. 

Brother 3: Já eu sou um homem bissexual birromântico, que é quando a pessoa não é o Renato Russo, mas gosta de meninos e meninas.  

Sister 2:  Sou uma mulher bissexual heteroafetiva fluid não binária em um casamento aberto com uma pessoa com vagina que se declara mulher. A igreja que eu frequento pediu para homossexuais saírem da igreja. Como não concordava com isso, saí da igreja. Se me pedirem para voltar, não vou concordar com isso também, então eu volto.

Big Brodão: Aqui é o Boninho. A Globo não ganha dinheiro com propaganda de tabaco, então não quero ninguém fumando na casa. E tira esse cigarro da orelha porque orelha não fuma.

Sister 3: Kkkkkkkkk! Sou a Key Alves, aquela atleta que ganha mais lutando contra a objetificação sexual da mulher no OnlyFans do que jogando vôlei. Quando sair daqui vou saltar do OnlyFans direto para o OnlyForbes com os caminhões de dinheiro que vou ganhar vaqueando a manada para ordenhar o gado clicador de bunda. Faz mu aí, Boninho!


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