Queerlegal
Dizer que sou humorista seria piada, mas comédia, ainda que a contragosto tenha que admitir, está no meu DNA, portanto não é uma construção social. A biologia foi carrasca comigo, pois meu sonho era conseguir produzir aqueles textos cerebrais padrão artigo de revista especializada, com alto teor informativo, explicativo, argumentativo, orientativo, filosoficativo, quiçá até opinativo. Há algo em mim porém ativo, que não consigo desativar, uma urgência em gracejar, ainda que termine sem graça, talvez até desgraça. Conteúdo não me falta, e a língua, sinto, é algo que controlo mais do que o próprio pinto, o que não é grande coisa, mas pelo menos sucinto. Vontade do artigar padrão também possuo, e sempre empunho a caneta com as melhores das intenções, daquelas das quais o inferno está cheio. Assim que dou por mim, entretanto, o que sonhava ser tese logo termina em rodeio, sarcasmo, nonsense, paródia, talvez algum neologismo fullgás (Lima, 1984). A nouveau palavrê, por falar nisso, é um víc...