Lacre for Dummies
É tênue a linha que separa o asno do jumento, mas isso não significa que é recomendável comer cocô só porquê, assim como o mousse de chocolate, ele é pastoso e tem cor escura. Ser análogo nem sempre é garantia de ser equivalente, então muito cuidado é preciso na hora em que alguém lhe oferece cocô em uma tigelinha alegando ser sobremesa só porque tem uma cereja em cima.
Um bom filme, por exemplo, tem uma história com início, meio e fim. Um filme cocô também, mas ser análogo não resolve o problema. Assim como o filme cocô, o filme woke é análogo a um filme normal, mas isso também não resolve coisa alguma, portanto é preciso cuidado para não confundir imunda com bunda na hora de separar o comboio do trigo.
Há uma série de critérios objetivos que podemos usar para diferenciar o que é woke do que não é, mas como é preciso usar o cérebro para analisar esses critérios, reconheço que isso por vezes se torna uma atividade complexa demais para o cidadão comum. Para resolver o problema, resolvi criar o método Lacre for Dummies (LFD), que permite até ao mais perfeito idiota descobrir se um filme é woke com altíssimo grau de precisão. O LFD é rápido, prático e descomplicático.
Para descobrir se existe lacração em um filme, basta colocar defeito e aguardar a reação do gado mugidor. Se você for acusado de ser emofóbico, machista, misógino, racista, nazista, taxista, manobrista ou comentarista, o filme contém propaganda woke com 110% de certeza. Você pode não saber onde está, pode até não saber o que é propaganda woke, mas o lacrador sabe e já está mugindo histericamente porque alguém está falando mal do filme com o qual a manada se identifica ideologicamente. O grau de lacração também pode ser medido com o método LFD, já que o nível de histeria do gado é diretamente proporcional à quantidade de propaganda woke presente no filme em análise.
Para exemplificar o método LFD e comprovar sua eficiência, irei usar como case os filmes Terminator 3 (2003) e Lacrominator: Woke Fate (2019). Em T3 temos uma exterminadora mulher que enche o Schwarzenator de porrada fácil, então seria T3 um filme lacrador? Claro que não, pois é totalmente possível falar mal e colocar defeito em T3 sem ser acusado de ser incel, nerdola, emofóbico, machista, racista, nazista, taxista, manobrista ou comentarista.
O mesmo não pode ser dito de Lacrominator: Woke Fate, uma fábula lacroapocalíptica sobre o cyberwokismo cultural moderno. Uma das coisas interessantes sobre o método LFD é que você não precisa nem mesmo emitir opinião negativa para medir o grau de histeria da lacrosfera e descobrir se lacrou ou não lacrou. Na grande maioria dos casos, os lacroprodutores do filme woke já começam a ficar histéricos antes mesmo do filme ser lançado.
É o caso com Lacrominator, onde o diretor avisou¹ que ou você gosta do filme, ou você é um misógino de armário que se caga nas calças quando vê protagonistas femininas fortes. Esse tipo de falsa dicotomia fedorenta e retardada é um insulto ao meu cérebro, mas se você não sente sua capacidade intelectual atacada ao ouvir essas falácias padrão cognitivo guri cagado de pré-primário, tenho uma boa notícia para dar: o método Lacre for Dummies foi desenvolvido especialmente para você.
Saber que há lacre, entretanto, não é o mesmo que saber onde está a lacração. Embora isso seja um problema que o método LFD não resolve, não se desespere. Colunistas lacrosos normalmente estão em cima do lance fazendo propaganda da propaganda woke no filme, como é o caso do artigo² da Mel Magazine, onde somos informados que Lacrominator: Woke Fate é sim um filme feminista com protagonistas feministas fortes. Gêintchy, não fosse por esse mítico artigo eu jamais iria sequer desconfiar que o objetivo de Lacrominator é fazer o Schwarzenator pedir desculpas por ser homem e promover discurso sexista de ódio a macho. Mais woke impossível.
Algo conveniente de ser lembrado é que quando existe alerta de wokismo antes do lançamento, como normalmente é o caso, já sabemos que a própria produção do filme está alerta para o fato de que produziu um filme cocô e está com o cool na mão, com medo de que aquela titica flope vergonhosamente. A cereja do mousse, que é a propaganda woke, para quem ainda não sabe, serve para isso: disfarçar o fedor de merda na esperança de que aquela bosta vá ser consumida em grandes quantidades.
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