Mamãe se Lasquei


Ao que parece, o deputado Mamãe se Lasquei não foi o único que voltou da Ucrânia incrédulo e apavorado com a fila de surreais beldades atravessando a fronteira para fugir do país, imbuído do sórdido desejo de se aproveitar de top models carentes e fragilizadas, que no momento encontram-se obrigadas por forças patriarcais opressoras a destilar charme para qualquer encosto com aparência de que tem situação financeira delícia. De acordo com o que a influencer ucraniana Louisa Khovanski reportou¹ ao tabloide britânico The Sun, tarados do mundo todo estão usando a guerra como desculpa esfarrapada para dar em cima dela. Alguém poderia me explicar por que justo agora homens começaram a exibir esse comportamento tóxico com a menina? É muito oportunismo.


Khovanski tem uma conta no Instagram com 2,6 milhões de mugidores, onde posta suas fotos artísticas desde 2019, mas somente após a invasão das tropas russas homens decidiram oferecer propostas de casamento para deixar o país. A pobre garota acha perturbador que estejam se aproveitando da situação para conseguir compromisso com ela, e diz que é triste homens estarem tentando se beneficiar desse momento de crise para usar as mulheres.

Uma breve análise técnica das imagens² que a inocente menina posta no Instagram deixa claro que a masculinidade é tóxica e a mente masculina é muito doentia. Que espécie de ser abjeto seria capaz de contemplar esses fotos e concluir que a influencer está tentando influenciar homens para que avancem pedidos de casamento ou outras propostas indecentes? Com ou sem guerra, pensar que você recebeu liberdade para fazer essas coisas em razão do trabalho da modelo é uma conclusão machista e misógina, e constitui prova definitiva de que o macho cisheteronormativo é um ser vil, escroto e pervertido.

Louisa evidentemente não aceitou nenhuma das mais de mil propostas de casamento que recebeu para deixar o país, coisa que pretende fazer em breve apresentando seu pussypass na fronteira, um documento que dá a todo cidadão ucraniano portador de vagina o direito de não ser obrigado a lutar na guerra contra sua vontade. Por falar em fazer coisas contra a vontade, a influencer informou que se viu obrigada a recusar várias ofertas para trocar sexo por favores. Esse tipo de constrangimento deve ser novidade para ela, pois essas indecências normalmente só ocorrem em momentos de tensão social extrema, como conflitos militares de larga escala, escassez generalizada de alimentos, ou quando algum pervertido fica de pau duro.

Pessoas maldosas dirão que Khovanski é só mais uma beescateira tentando alcançar paz e prosperidade escorregando no corrimão da esperança nesse momento em que a beleza da mulher ucraniana está em evidência, mas o caráter cerebral de sua entrevista com o The Sun prova o contrário. Ela não só discorre com propriedade sobre questões de gênero, como domina outros assuntos politicamente relevantes, como seus seios, que são fonte interminável de frustrações e problemas. 

Conforme informou em sua entrevista, quando ela quer dar uma caminhada calma ao ar livre para fazer exercícios, por exemplo, precisa usar roupas largas. Usar um vestido que gosta atrai muita atenção indesejada, então essa é a única maneira que encontrou de levar uma vida normal em sociedade. 

É precisamente essa a imagem que a influencer nos passa em seu Instagram: a de uma menina discreta, culta, inteligente, possuidora de elevadas virtudes e farto conteúdo, que luta bravamente para levar uma vida normal, livre de olhares inconvenientes, mas que tragicamente enfrenta o desafio diário de ter que lidar com tarados misóginos como o deputado Mamãe se Lasquei, incels bronheteiros, homens feios, pobres e outras assombrações que transformam a vida da mulher que tem peito para lutar contra o machismo e a misoginia uma verdadeira zona de guerra.

Essa é uma das muitas razões pela qual o patriarcado tem que acabar. No dia em que as mulheres dominarem o mundo, nenhum homem terá a audácia de dirigir olhares lascivos para o corpo feminino, oferecer propostas indecentes de trocar sushi por kétchy, fazer pedidos de casamento sem um cartão de crédito possante, ou mesmo ter uma ereção sem que uma mulher autorize.

Enfim, pás. Chora, Putin!



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