A Capivara
[ALERTA DE GATINHO]
Nunca gostei muito dessa ideia de chamar mulher de capivara. Vejamos, por exemplo, nessa matéria¹ em que uma onça foi cancelada nas redes sociais por comer uma capivara: como você sabe se ela não comeu um capivaro?
Quando assumimos que toda capivara é fêmea, estamos sendo preconceituosos e não inclusivos com as capivaras macho. Isso não faz sentido algum, pois o correto seria ser preconceituoso e não inclusivo com os capivaros fêmea, se é que você não me entende. Em todo o caso, imagine que atroz destino, além de ser devorado vivo, ter seu gênero incorretamente atribuído em sua mais derradeira hora. Dupla crueldade.
A onça, tadinha, mais uma vítima da cultura do cancelamento, não teve melhor sorte. Como sabemos se não era um onço? Ser pintada não dá a ninguém autorização para assumir seu gênero, pois pintadura é uma construção social, então temos dupla crueldade outra vez, além de alguns trocadilhos pornográficos.
O fato é que algo muito interessante está acontecendo com minha página. Após permanecer estagnado por um período, meu número de seguidores disparou e ultrapassou a marca dos 3K. Estou deveras emocionado, pois por obra e graça de Frida, a maioria dos que estão aparecendo são mulheres. Meu público agora é composto por 16,40% de meninas, 83,60% de meninos, e onde estão os menines eu não faço a mínima ideia, porque as estatísticas de gênero do Facebook são transfóbicas.
Desconfio que as meninas estão em busca de Tom Cruises, Andréas Beltrão, Luísas Sonzas, vampiros e lobisomens, mas ninguém as avisou que aqui não é a toca do capivaro, mas do cocodrilo do pântano. Sim, o pântano é um lugar pantanoso, mas não é sujo, podre e fedorento como a piscina das lacraias peludas. As manas publicam mentiras descaradas, demências escabrosas e outras abobrinhas sem noção, mas só o que há para encontrar por aqui são verduras extremas, fatos radicais, e, quando muito, alguns sincericídios.
Pobres crianças. Acho que vou instalar um alerta de gatinho na página para poupar os incautos, incautas e incautes de certos dissabores. Por falar em crianças, vejamos, por exemplo, nessa matéria² em que uma criança de três anos foi devorada por um cocodrilo: como você sabe se não era uma cocodrila? Cruel. Muito cruel.