Pai Lule Coelho
Contaram várias mentiras sobre o Pai Lule, como a foto em que ele aparece lendo um livro do Paulo Coelho de cabeça para baixo, uma sórdida photoshopada perpetrada para fazer o cidadão brasileiro acreditar que Lule é analfa. Isso é fake news, pois Pai Lule, como vários monstrinhos de todos os pólos da polarizosfera que me assombram no cyberspace, é semianalfa. Não poderia não ser, pois Pai Lule é legítimo representante do povo brasileiro, que é semianalfa e regido por uma elite intelectual medíocre, que embora não seja semianalfa, é pseudointelectual.
O indivíduo que fez a montagem do Pai Lule lendo livro invertido está rindo de si, um caso legítimo de falta de espelho em casa, algo que azelite intelectual no Brasil também não têm. Coelho é um excelente romancista, mas azelite torceram de inveja o nariz para ele porque o mago virou estrela planetária. Não há nada erudito ou cerebral no Coelho, mas ele é um mitologista, e seu talento é produzir narrativas universais.
O mitológico sobre narrativas universais é que, como são universais, há mercado consumidor até em outras galáxias. Coelho visitou todas usando uns chazinho mágico de mago que ele preparava. Universalidades não fazem parte da Academia, que existe para publicar eliticidades, então se você não entende nem o que Coelho entende quando toma o chazinho dele, isso é o que chamo de pseudointelectual.
Pai Lule é declaradamente o homem mais honesto do Brasil. Como sabemos, você é o que declara, mas não é porque você é honesto que não pode contar umas mintzirinhas. Quem nunca? Afinal, um homem que não mente não come ninguém, e que eu saiba Pai Lule é santo, mas não é virgem. Isso deve deixar as mulheres malucas de tesão, pois esse é o paradoxo do mentiroso. Entre ter que resolver o paradoxo do mentiroso e dar, o que você acha que elas preferem? Dar, é claro. Bem mais fácil.
A mintzirinha do Lula para excitar as meninas é aquele papo de que ele tirou milhões de brasileiros da miséria. Isso é meia-mentira, pois o que de fato ocorreu é que seu governo surfou uma onda de bonança financeira global. Quando seu ferro vale ouro e sua soja caviar, aí vocé arrepia até as guerrilheiras de grelo duro. A outra meia-verdade é que quem saiu da miséria não foi o brasileiro, mas o afro-brasileiro. Se a maioria da população pobre é negra ou miscigenada, quem é que andava irritando azelite pseudointelectual de nariz empinado nos aviões para Miami e NY?
Ora, o ascendente e gastante cidadão consumidor afro-brazuca. Conecte isso com o fato de que mulheres controlam a maioria das decisões de consumo e é possível explicar desde a representatividade interseccional em comerciais de TV até a âncora Black da Globo. Quando você conecta uma meia-verdade com uma meia-mentira, o que você tem? Mintzirinha.
Antes do Pai Lule, somente a mulher branca era perseguida por ser negra em lojas da Zara. Esse é o paradoxo da Zara, bastante famoso entre filósofas interseccionais que dão aula em Harvard. Entre dar e resolver paradoxo, o que você acha que o Pai Lule prefere? A Zara é do goleiro, eu quero é se dar bem. Na hora de se dar bem, meninos resolvem até o paradoxo de Zenão, zenão não comem ninguém. Depois do Pai Lule, a classe mais humilde finalmente conquistou o direito de ser perseguida por seguranças em lojas de grife em shoppings.
É por isso que meninas amam o Pai Lule. Elas adoram mintzirinhas: nossa, como você está sexy nesse modelito plus plus size fashion que custou uma nota preta! Como homem mais honesto do Brasil, devo dizer que diversidade e inclusividade é tudo, pois tudo que você disser pra mim é a voz da Deusa. Que Frida elimine a distância entre brasileiros e brasileiras.
Assim como Pai Lule, também sou a favor de eliminar distâncias entre os dois gêneros, mas voltando ao assunto, a Economia deveria ser a narrativa universal que nos iguala, e não muito tempo atrás era, mas agora já era. Estamos sendo martelados por múltiplas narrativas sectárias incompatíveis entre si, o mítico identitarismo, que de mítico não tem nada.
A mitologia, aquela que é mitológica por conter uma narrativa universal, está ausente da cultura hoje. Os mitos morreram, inclusive o mito do sapo barbudo, então a única pergunta que resta é se mitos morreram de morte matada ou morrida. Se foi morrida, meus pêsames, mas se foi matada, aí você entende aquele meme do Schopenhauer. Qualquer um pode entender o Schopen. Se eu consigo, até o Pai Lule consegue.
O único mito que não morreu é Elvis. Elvis vive, mas se você não é curioso e não acompanha minha página, não vai entender nada do que está rolando por aí, nem mesmo esse Elvis Egg paradoxal do além.