Cinquenta e mais
As mulheres das gerações Z e Y estão bastante transformadas, e para pior. Definitivamente diferentes das Gen X, e irreconhecíveis se comparadas às da geração boomer e anteriores, então é mais que justo reconhecer que o homem atual está soterrado de razão ao observar que a maré não está para piranha, que dirá peixe. Sereia, então, nem pensar. Resolvi então realizar um estudo de capivarologia arqueológica avançada para comparar passado e presente em um site de mulheres da minha geração, as Gen X, hoje em torno dos cinquenta e mais, talvez menos, vai depender do estado da carroceria ou de qual idade a tia está mentindo que tem.
Topei de cara com um artigo¹ que critica a consultora de moda Carolina Herrera, uma boomer, por dizer que mulher de cabelo longo depois dos quarenta não tem classe. Pelo que entendi, a mulher Gen X não aceita mais a imposição de regras nem de cabelo, nem de roupas, algo que a obsoleta Herrera parece não ter entendido. Na sequência observei no mesmo site outro artigo, que lista dez roupas² que você não pode usar se quer ficar elegante. As regras são imposições, digo, sugestões da consultora de moda Luciane Cachinsky, uma Gen X, que, por acaso, aparece em uma foto elegantésima de cabelo curto. Classuda essa tia. Pegava com cerveja fácil, sem nem pensar três vezes.
Pelo amor de Frida, alguém me acuda que eu estou tendo gatinhos! Não importa a idade, não importa a época, não importa a procedência, colher é tudo igual, é uma igual à outra, que é igual à mãe dela, à vó dela, à bisa dela, à tatara dela, e você pode ir na cola delas até a Savana ancestral, antes do surgimento do Homo Sapiens, pois ainda assim não vai resolver seu problema: colher é tudo igual. Já até me esqueci por que me divorciei de uma e troquei por outra, porque é tudo a mesma coisa, sem tirar nem impor.
Prosseguindo com meu estudo arqueocapivarológico, detectei que a admin do site das cinquentonas usa cabelo curto, tanto na página da Internet quanto do Facebook abundam fotos de tias com cabelo curto, há artigos³ sugerindo cabelo curto para as tias que gostam de estilo e praticidade, artigos sobre corte de cabelo⁴ para tias onde a maioria das sugestões é o curto, enfim, esse site das tias é a maior curtição. Alguém me explica, por favor, qual é o problema de uma consultora de moda classuda recomendar cabelo curto se as tias já são obcecadas por cabelo curto? Não dá pra entender. Nem elas entendem. Quando você não entende o que as mulheres estão fazendo, nem elas, isso é o que eu chamo de "coisa de menina". Deve ser isso que os pirralhos hoje chamam de "cuié na net".
Como disse, colheres são todas iguais, mas há umas diferencinhas, e só de olhar eu já fico de tico duro e melo as cueca tudo. Para pirralhos isso é normal, mas na minha idade é uma coisa nostálgica. Não sei por que sou assim, mas acho que meu pai é assim, meu vô é assim, meu bisa é assim, meu tatara é assim, e você pode ir assim até a Savana, antes do Homo Sapiens, pois lá você vai encontrar um ancestral meu de tico duro. Não fosse pelo tico duro dos meus ancestrais, eu nem estaria aqui, então posso bater no peito e dizer que não há brochas na família. Faço parte de uma linhagem de bofes viris que se estende inquebrável por milhares, talvez milhões de anos no passado. Todos, sem exceção, quando chegou a hora da verdade, não amarelaram e mandaram ver, e aqui estou eu para provar. Se há um Valhalla onde me reunirei no além com meus antepassados, entrarei lá de cabeça erguida. As duas.
Mas qual a diferença? Pois então. Já viu cinquentona reclamando de macho que não acha o clínton? Nem vai. Nessa idade elas já sabem achar o clínton sozinhas há décadas. Piriguetes novinhas só postam esses memes pois nem elas sabem onde fica o clínton, e querem que você se responsabilize por achar. Ora, mas vá trocar essa fralda que você está cocô, menina. De quem é a culpa pela imposição de cabelo curto? Do machismo, da misoginia, da masculinidade frágil, da tóxica, do patriarcado? Negativo, querido. É tudo culpa da Carolina Herrera, essa boomer metida à besta que quer cagar regra e dizer que o cabelo que eu tenho que usar é o que eu já vou querer usar mesmo que ela não mande. É muita audácia dessa perua.
Mulher que assume responsabilidade pelos próprios babados é outra categoria de fêmea, mano. Não tem nem comparação com essas piriguetes novinhas de hoje que não se tocam nem na hora de achar o próprio clínton. É isso aí, meninas. Me incluam fora dessa discussão cabeluda. Não tenho condições de impor padrões nem se quisesse, pois não entendo nada de cabelo. Pra mim é tudo igual, não enxergo diferença alguma. Não importa como você saia, quando você voltar do salão, só vou saber que você mudou de corte se você me avisar.
Experimenta agora voltar do salão e falar no meu ouvidinho que está louca pra dar. Agora sim vou notar que algo mudou. Nossa, madame, como você está diferente. Um arraso! Esse seu corte louca que me coma cai muito bem em você. Ficou mais elegante, mais bonita, mais distinta, mais sucinta, mais inteligente, mais talentosa, mais cheirosa, mais sincera, mais tudo, sem falar que combina com os seus olhos. Nem lembro mais o que estava fazendo, pois me desconcentrei todo agora, então minha atenção total e irrestrita é inteiramente sua no mínimo nos próximos cinco minutos, talvez menos, pois não sei se vou aguentar muito com você toda cremosa e sedosa desse jeito.
Ok, eu forcei um pouco a barra nesse combinar com os olhos, mas se o cara não força a barra, fica no cinco contra um. Não recomendo fazer isso com as mulheres de hoje, pois se no outro dia elas se arrependerem do sexo, vão ligar para a polícia dizendo que sofreram violência sexual. No meu tempo, se eu forçasse a barra com uma menina, ela só se atreveria a ligar para a polícia no outro dia se eu trabalhasse na polícia. Cadê ele? Cadê? Conforme eu ia dizendo, colher é tudo igual, mas as que faziam no meu tempo já saíram de linha, e hoje são artigos vintage, coisa de colecionador.
Haaaa... suspiros...