Drogas Pesadas


Saudades da época em que o Quebrando o Tabu defendia a desmaconhização do tráfico, uma bandeira defendida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.  O uso recreativo da cannabis é legal¹  hoje em 21 estados dos EUA, mas isso é irrelevante, pois o QB agora está envolvido com drogas ideológicas pesadas que causam dano neurológico irreversível. Seu uso recreativo e politicativo é legal em todos os estados dos EUA, mas está sendo distribuída por aqui via redes sociais como se fosse Red Bull, um energético inofensivo. O bagulho do video é pesado demais inclusive para o desconstruído público do QB, então heteropatriarchy foi traduzido como patriarcado para dourar a pílula. Não dá para enfiar o bagulho inteiro de uma vez só no cerebrinho das criaturas, pois isso pode matar o usuário, então a coisa tem que ser administrada em suaves prestações anais. 

A criatura de Frida na fita se declara um não binário, mas na realidade não passa de um bissexual andrógino vestido de mulher. Queer, para os íntimos, ou os que não tem paciência para descobrir qual dos 72 gêneros elu declara. Nem precisa, pois Elu se declara divine, alguém honesto, podegoso e corajoso em condições curar-se da ideologia hetero eurocêntrica assassina imposta aos indígenas e negros e retornar sua psique ao estado humano natural aceitando seu ambivalente lado feminino performativo. É muita lorota concentrada em um lugar só. Elu está claramente vendo gnomos. Como disse, essa pedra é barra pesada, então vamos desconstruir esse bagulho até virar farinha, já que farinha é mais fácil de entender.

Elu, o divine performado por Frida, está apelando para essencialismos e construtivismos ao mesmo tempo ao declarar que humanos possuem natureza bissexual andrógina, mas gênero é performativo. Em outras palavras, gênero é biológico e uma construção social arbitrária ao mesmo tempo. É preciso estar doidão da pedra, ou no mínimo ser um idiota útil para repetir isso, mas garanto que quem inventou essa lorota e distribuiu para aborrecentes impressionáveis em idade escolar sabia exatamente o que estava fazendo e por quê. 

Enfim, gênero é performativo e não performativo ao mesmo tempo, uma coisa quântica, então assim que ocorreu o colapso de onda na pré-história, decaímos para um estado histórico onde todos os agrupamentos humanos, por incrível coincidência, resolveram em uníssono inventar o binário de gênero e categorizar as pessoas em masculino e feminino. Detalhe: o europeu opressor eurocêntrico surgiu milhares de anos depois, mas o binário cisheteronormativo foi inventado por ele. Em resumo, ou esse milagre foi obra de Frida, ou europeu eurocêntrico inventou uma máquina do tempo para viajar ao passado e aculturar todos os povos com sua ideologia cisheteronormativa. Não acredito em nenhuma dessas hipóteses, então o mais provável que tenha ocorrido é plágio mesmo, mais um incidente opressor de apropriação cultural patriarcal. 

Patriarcado, não devemos esquecer, também é uma invenção opressora do homem branco europeu de matriz heterocêntrica ocidental. Não esquecer também que heterossexualidade é performativa, mas também uma fantasia que causa homicídio e genocídio, já que só queers podem inventar uma identidade performática de fantasia que esteja de acordo com nossa natureza biológica, coisa que fazem por razões políticas, pois o corpo é político. Gênero, ou sexo (tanto faz), portanto, é biológico, performativo, cultural, social, político, ideológico e patológico, tudo separado e ao mesmo tempo. 

Elus diz que os líderes da revolução que pretende ensinar a humanidade a livrar-se de seus traumas hetero auto-infligidos e aceitar seu lado feminine têm que ser trans e não binários. Ele diz isso pois pensa que transexualidade é uma construção social, mas também porque precisa esconder sua agenda de aniquilação de gays e lésbicas. Assim que um menino gay, que não é trans, demonstrar qualquer traço efeminado, Elu e sua gangue vão pressionar o poder público para enfiar bloqueadores de puberdade e estrogênio no pirralho e fazê-lo passar por procedimentos cirúrgicos irreversíveis. Alguns suicidam ao chegar à idade adulta quando descobrem que não são de fato trans, mas só homossexuais. Nessa hora Elu vai ficar pianinho e colocar o suicídio na conta do heteropatriarcado assassino, e chamar de transfóbico qualquer um que afirmar que não é uma boa ideia enfiar hormônio em uma criança de 5 anos que nem entende o que é gênero, mas já sabe falar heteropatriarcado cisheteronormativo opressor e usar pronome neutro, coisa que ele aprendeu sozinho pois é superdotade.

Mas essa nem é a parte mais alucinatória da viagem cósmica de Elu. Elu sente-se perseguido pois cisheteronormativos tem medo do seu poder não binário, mas assim que ele conseguir curar o mundo e transformar todos em bissexuais andróginos de batom e saia, atingiremos o paraíso. Não haverá mais guerras, fome, homicídio, roubo, preconceito, até o ecossistema será restaurado. Atente para o fato de que Elu não está blefando. Ele de fato acredita que é exatamente isso que vai acontecer, embora ele não faça a mínima ideia de como vai rolar essa mágica.

Nem precisa. Elu é di-vi-ne, então imagine um planeta de seres divines em suruba comunitária ecológica infinita, alimentando-se de prana e fotossíntese védica, totalmente conectados com Gaia, em paz com seu lado feminine e em comunhão mística com Frida, a guardiã ensolarada lunar meteórica das eclipses transmutadas. 


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