Zeus e Frida
Contra a sexualização da mulher promovida pela opressão patriarcal olímpica, ginastas alemãs abandonam collants¹ e passam a usar calças colantes. Como podemos observar dessa alteração radical, corajosa, contestadora e revolucionária, se ninguém tivesse avisado que o uniforme foi trocado, homens não iriam nem notar. Aliás, se quando uma mulher muda de estilo de roupa você nota alguma diferença, há algo errado com você. É possível que um tratamento de reposição de testosterona ajude. Você voltará a não enxergar tipo de tecido, cor, estilo de corte, enfim, essas coisas que só as meninas enxergam pois vivem em um mundinho estranho só delas onde fantasiam que vão ficar sem sexo se a cor da calça não combinar com o formato do botão da blusa.
Objetificação sexual está na gênese dos jogos olímpicos, já que esporte é um culto ao corpo na sua essência. Para agradar a gregos e romanos os efebos olímpicos da antiguidade clássica competiam nus, exibindo seus corpos sarados delícia para o deleite da plateia, que provavelmente não assistia às competições para ver quem jogava o dardo mais longe, e sim para checar o que há de crocante na área. Depois do marketing corporal esportivo, com certeza rolava bacanal. Bacanal vem do deus Baco, filho de Zeus - deus do Olimpo - com a mortal Sêmele. Suruba era o que não faltava naquela época, e os deuses passavam a maior parte do tempo passando a vara nas piriguetes mortais para fabricar semi-deusinhos olímpicos.
Marketing, como podemos ver, é importante nos jogos olímpicos, então essa campanha contra a sexualização das ginastas é isso, só marketing. Com essas roupas coladas no corpo, dá pra ver que está gostosa igual, então não muda coisa alguma. Elas poderiam ter usado collant com meia-calça, mas isso não fica nada sexy como modelito de uma campanha contra a sexualização de ginastas. A verdade nua e crua é que temos é um movimento não contra a sexualização, mas a favor da desbaranguização da modernete atleta. Hoje em dia a imagem tem resolução ultramegaHD, então o que tiver de estria ou celulite aparece, deixando as meninas desconfortáveis. É importante estar confiante na hora da prova, então a ginasta tem que saber que vai aparecer comível e deliciosa na telinha na hora da transmissão. Uma malha colante nesse momento tem várias vantagens sobre o collant, já que funciona como uma segunda pele que expõe cada milímetro de curva do corpo, além de poder ser desenhada para fazer pressão em pontos estratégicos com fim de maximizar o índice de gostosura corporal.
É claro que o pessoal vai dizer que isso é teoria da conspiração, que não dá para cobrir o corpo de outra maneira em uma prova de atletismo. As chinesas discordam. Na segunda foto temos mestras em artes marciais que fazem exibições cujo padrão acrobático rivaliza com o das olímpicas ocidentais. A roupa folgada que usam não delineia nenhuma curva do corpo, é bastante adequada para favorecer os movimentos, além de fornecer um efeito capa de super-herói, que adiciona dramaticidade e teatralidade à cena. Zero chance de adesão desse modelito pelas ocidentais. Afinal, não é porque você luta contra a sexualização que não pode fazer isso enquanto está sexy e crocante. Com a graça de Zeus e a bênção de Frida, tudo é possível.