Como Mulher, como Homem
Histórias que homens e mulheres trans contam sobre o antes e o depois de iniciar o tratamento com estrogênio ou testosterona são bastante interessantes. Elas nos fornecem informações sobre como hormônios afetam a psique e influenciam a personalidade dos gêneros, mas as histórias que eu acho interessantes mesmo são de transexuais ideologicamente intoxicados contando o antes e o depois da transição usando um discurso totalmente enviesado para conseguir enxergar viés patriarcal em tudo.
Esse é o caso com Gabriela¹ como homem, como mulher. Em sua primeira viagem após a transição, precisou sair do hotel em RJ para jantar e começou a se perguntar se não seria perigoso sair sozinha, pois poderia sofrer assédio. Gabi, como menina no Rio, ou sei lá o que ela pretendia comer naquela noite, poderia estar preocupada com arrastão, assalto, homicídio, talvez estupro, quem sabe uma bala perdida, mas não. Ela estava realmente tensa com a possibilidade de assédio, que é uma coisa muito perigosa, e não ter que se preocupar com isso era um privilégio masculino sobre o qual Gabi nunca tinha parado para pensar antes. Pronto, o estrogeninho combinado com a intoxicação ideológica já começou a afetar o cérebro. Esse negócio é como tarja preta com uísque. É um ou outro. Os dois juntos não dá pra tomar, pois as consequências, como podemos ver, são imprevisíveis.
Gabi nunca ouviu um fiu-fiu na rua na vida, mas já tem que falar que está preocupada com os perigos do assédio para o pessoal saber o quanto ela está gostosa depois da transição. Ãein, vou sair pela porta do hotel sozinha e os machistas tarados do patriarcado vão pular em cima de mim! Até ela chegar ao hotel nada disso tinha acontecido, mas Gabi estava segura que à noite as coisas iriam ficar menos seguras, já que saiu vestida para matar só para se sentir bem, não atrair olhares e transitar livre de assediadores perigosos.
Ser gostosa é mesmo um problema, pois mesmo trancada em casa com a pandemia, ela começou a receber mensagens de teor sexual no Linkedln. Ufa! Quer dizer, que horror esses hômi tarado que não me deixam em paz nem durante o lockdown! Gabriela parece não conseguir pensar em outra coisa a não ser nesse negócio de ser gostosa, pois no trabalho observou que passou a receber mais elogios à sua beleza do que sua inteligência. Traumático. Esse patriarcado tem que acabar, pois é muito chato ser linda, além de ser muito opressor se sentir oprimida só por ser menina.
Como se não bastasse o assédio incessante, algo que Gabriela sabia por força de intoxicação ideológica que ia acontecer, para sua surpresa, começou a acontecer. Agora sim, agora está provado que o patriarcado é opressor e todos os machistas estão desmascarados. Gabriela notou que não pode mais demonstrar autoconfiança pois as pessoas acham que ela é arrogante só por ser menina. Aqui vemos que o estrogênio realmente está fazendo efeito no cérebro, já que ele deixa as meninas mais emocionais, empáticas e socialmente conectadas. Antes da transição, Gabi era arrogante e estava cagando para a reação dos outros, mas agora que o motor está rodando no estrogênio aditivado, começou a observar que as pessoas não reagem muito bem quando você fica se achando o máximo e fazendo pose de inteligentão gostosão delícia.
Ao final, Gabriela conclui que um homem jamais vai entender o que uma mulher vive. Passando a régua: arrogante, pensa que eu sou burro e analfabeto porque tenho um saco escrotal (que por sinal ela também tem), se acha gostosa demais para a sua bolinha, quer que eu peça desculpas por ser homem, enfim, uma verdadeira mulher feminista. Transição hormonal e toxicológica realizada com sucesso. Já pode ir pro the wall com segurança reclamar que o assédio acabou porque o patriarcado é cruel com as mulheres maduras.