No Time to Woke
Ao que parece, Hollywood apertou seu fifi woke com força e remodelou o novo James Bond - No Time to Die - que sai em outubro deste ano. Inicialmente alardeado como sendo um 007 mulher negra, é visível que esse não vai ser o caso. A trama inicial, porém, está mantida: Bond sai da aposentadoria para mais uma missão e encontra Lashana Lynch como 007 no seu lugar. Pelo que se pode ver no trailer¹, se é que é fiel ao filme, Lashana não é a protagonista principal, mas apenas uma coadjuvante, então o que temos é só mais um Bond com Daniel Craig, não uma 007 black power como originalmente prometido.
Muitos enxergam na cultura woke que infecta Hollywood hoje um fenômeno ideológico. Os empresários do cinema estariam dispostos até mesmo a fritar dinheiro em nome da reengenharia social. O problema é que não acredito em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, nem muito menos em tubarão ideólogo. Agenda ideológica de empresário é dinheiro, então seja lá o que estejam fazendo, pode ter certeza que o objetivo é lucro.
O cinema é uma indústria em crise, pressionado pela nova realidade do mundo digital, que jogou a indústria do disco na lona, e está tendo dificuldades para continuar sobrevivendo das velhas e desgastadas fórmulas. O plano é claro e confesso: conectar-se com a geração sojinha por meio da nutellização do seu produto com fim de garantir sobrevivência. O problema, entretanto, não é o plano, e sim o público alvo. Desde a antiguidade a juventude é conhecida por sua rebeldia, seu afã de romper com o passado movida pelo desejo de mudar radicalmente o mundo. Nesse processo criam sua própria linguagem e veneram suas próprias mitologias. Esse é o problema com a geração woke. Não há mitologias, apenas destruição de mitos. Não há linguagem, apenas destruição de sentido.
Sjws querem aniquilar passado e presente em uma frenética ejaculação precoce desconstrutora, onde até o que é feito pelos woke para os woke é trucidado por não ser woke suficiente. É impossível ser woke precisamente por inexistir mitologia do justiceiro social desperto. Não há heróis, não há objetivos, apenas vítimas mimadas e seus surtos histéricos. São uma massa autofágica e disforme cuja única diretiva comum é cancelar tudo, inclusive uns aos outros em sua alucinada luta pelo troféu de oprimido interseccional das galáxias.
A Disney vaporizou bilhões de dólares de investimento matando Star Wars no altar da religião woke. "Let the past die. Kill it if you have to", anunciou Kylo Ren nas telonas. Feito. Tá mortinho, empacotado e sepultado. George Lucas está inconsolável com o que fizeram com sua obra, e já ligou o modo "eu avisei". Tudo que a cultura woke toca está condenado a ser destruído. Isso não é um bug, é uma feature. Aniquilar é a missão, não um efeito colateral da missão.
Esse novo 007 era para ser o Bond desculpe por ser homem, onde o agente inicia seu processo de cura da sua masculinidade tóxica, o primeiro filme da série em que James fica com o pincel na mão. Havia uma cena prevista, que não sei se foi para a versão final, onde James tenta usar seu charme assediador metoo na 007 apenas para descobrir frustrado que sua licença para matar foi revogada pelos justiceiros sociais. As bond girls foram canceladas e a superpoderosa agente black power não se submete à piroca patriarcal.
Hollywood parece estar lentamente acordando para o fato de que a religião woke não é uma bóia de salvação, é o prenúncio do fim dos tempos. No trailer de No Time to Die vemos Bond declarar em tom antiapocalíptico que o passado não está morto. Se isso não é uma resposta a Kylo Ren, não sei mais o que pode ser. Vai ter Craig protagonista sim, vai ter masculinidade tóxica sim e vai ter Bond girl sim. James vai molhar o biscoito, embora não com Lashana. Transar com negras é racismo, embora não transar com negras também seja de acordo com o regulamento woke, então que se exploda. Essa é uma boa oportunidade para que a agente investigue o misterioso drama da solidão da mulher negra.
Esse é o último Bond de Daniel Craig, que provavelmente só foi chamado de volta da aposentadoria para viabilizar um filme com uma 007 black power. Uma breve análise na bolsa de apostas² para o novo protagonista da franquia mostra que o projeto 007 fêmea black empoleirada vai ser abortado antes de chegar ao útero. Hollywood não tem mais fôlego nem dinheiro para queimar perseguindo o paraíso woke da desconstrução. Se imortalidade é o que Hollywood persegue, então Die Another Day.
"Past isn't dead" - Bond, James Bond