Ecos do Mick Jr.
Os ecos estão sempre ecoando nas cabecinhas que ecoam coisas na selva digital. Dessa vez foi possível identificar a fonte. Bruna Santiago tentou lacrar com seu imbróglio de pensão de 200 reais, que ela provavelmente adaptou de outros ecos que já ecoam por aí há muito tempo, e o post viralizou. A lacrada foi publicada no dia 16, e a lorota, pelo que pude observar, viralizou acima do que ela esperava, pois uma multidão que ela não sabe de onde veio apareceu para zoar a treta. Como foi um post popular, outros começam a replicar a mesma coisa como se fosse seu. O procedimento é padrão.
Nessa replicação, merece menção honrosa o Miguel Vinícius, cujo afã replicante foi tão avassalador que ele não entendeu que essa replicada só funciona com as meninas. Depois eu digo que feministo é retardado e as feministas ficam bravas comigo. Elas acham que eles são muito retardados, então ficam me acusando de passar pano. Isso é mentira. Se eu não passo pano nem pra homem, que dirá para feministos, muito menos feministos que acham que vão lacrar com as meninas dizendo que pagam pensão de 200 reais. Totalmente sem noção. Entrega o corpo pra Frida, porque o cérebro já foi.
Essa mitologia da pensão de 200 reais deve ser muito antiga, e possivelmente surgiu na época em que implementaram o salário mínimo, que foi instituído no Brasil com a lei 185, de janeiro de 1936. No dia seguinte à publicação no Diário Oficial já apareceram capivaretes plantando a braba de que é mito mulher luxar com 48 mil-réis. Esse número foi fantasiado por meio da proporção mítica de 20% do salário mínimo, o número mágico da menor pensão possível. Colocar um número menor que esse na sua historinha inventada não vai funcionar, pois vai ficar muito evidente que sua lorota é lorota. Desde então esse valor vem sendo atualizado por meio do salário mínimo, o indexador oficial desse conto do vigário, e hoje o que temos são os famosos 200 reais, o valor lendário que aparece em toda fanfic sobre pensão pacotinho.
Mas como podemos ter certeza que esses contos de mães oprimidas que pagam matrícula de 240 reais na escolinha para o pacotinho e choram por causa da pensão de 200 reais são narrativas inventadas? Muito fácil. Mulher com padrão sócio-econômico para colocar filho em escolinha particular, em que somente a matrícula é 240 reais, não dá a pepeca nem fodendo para cara que ganha salário mínimo, então essa lenda só pode ser mito, conto de capivarete arteira para iludir os patos incautos e desatentos.
Resta então o mistério não solucionado: dá para luxar com pensão pacotinho? Claro que sim. É só dar para o Mick Jagger. Luciana Gimenez embolsa U$ 15 mil dólares por mês para ser mamãe do Mick Jr., então lembrem-se meninos: salário mínimo não é renda, é anticoncepcional masculino. Se com essa porra de salário conseguir engravidar uma capivarete que vai querer colocar o Jr. em escolinha particular, seu tico é monstruoso. Meus parabéns.