O Franguinho dos Bagos de Ouro
Leis de cotas para mulheres dentro do legislativo, ou para qualquer classe, são uma manobra profundamente antidemocrática, especialmente quando a classe que estamos falando são mulheres, que não são minoria nem em número de votos, nem em classe social, já que elas se distribuem ao lado dos homens, os maridões opressores, ao longo de toda pirâmide de renda familiar. Se não há mais mulheres na política isso ocorre ou porque não há políticas mulheres em número e qualidade suficiente, ou porque mulheres não são votadas nem mesmo por mulheres. Nada de irregular sob o sol. Democracia é assim que funciona.
Por que cotas para meninas, então? Isso já era possível saber desde que o voto feminino foi concedido em uma época em que grande parte das mulheres não estava nem mesmo interessada em voto. Manifestações das sufragistas não tinham mais poder de pressão política do que a Marcha das Peludas que temos hoje, que não passa de uma travessura inócua da cena cultural. Compre um saco de pipoca e pare para ver passar. Então o que passou pela cabeça de parlamentares homens na hora de aprovarem o voto feminino entregue em conjunto com um docinho, que era a não obrigatoriedade de serviço militar exigida de homens para ter direito ao voto?
Ora, essa é fácil. Você atrai meninas para dentro das casas legislativas com um docinho, e lá dentro elas vão querer mais docinhos, que você, que não é tanso, vai dar. O que acontece quando você dá docinho para as meninas? Essa também é fácil: elas alegremente entregam a delícia. Todo governo precisa aprovar medidas impopulares, então os machos tóxicos no parlamento entregam os docinhos que as meninas querem, e em troca elas entregam a delícia. É um bacanal, clássica festa pafudêcu de palhaço, ou seja, os homens da base, que não têm docinho pra dar, não vão ganhar delícia e como prêmio levam um trolha enorme e bem gostosa, sem KY, farinhada na areia e no sal grosso. Essa é a velha tática do pra não entrar no meu, eu vou botar no seu. Rebole e goze o quanto quiser. Afinal, esse é um privilégio que só o patriarcado pode proporcionar a você.
Essa é a razão pela qual pressão por direitos de homens não consegue penetração nem na mídia, nem na política. O que você está tentando fazer é roubar o docinho das meninas. Sem docinho elas não vão entregar a delícia, então o pânico é geral. Isso é tão impopular quanto tentar fechar casas de tolerância. Assim como nas casas legislativas, as meninas nas casas de tolerância não vão achar nada simpático o que você está fazendo. Sozinhas não têm poder, mas o seu problema é que elas transacionam docinhos por delícia com indivíduos ticudos com um tacape bem mais longo que o seu. Com uma cruzada de pernas das meninas, no outro dia você aparece boiando no rio com a boca cheia de piranha.
Direitos de homens não é uma agenda. Estamos falando de chutar uma das vigas mestras que mantém toda um edifício em pé, então é óbvio que vai ter reação vitriólica dos moradores do prédio. Na matéria linkada ao final temos como manchete docinho para meninas. Delícia: agenda de equilíbrio fiscal. Esse tipo de comportamento feminino de trocar docinho por delícia é raro na nossa espécie, e ocorre somente em casos muito especiais, então realmente é difícil de entender como é que todo esse bacanal começou, embora eu já saiba como ele vai terminar.
Meninas são gulosas, elas querem não só cada vez mais docinhos, como outras coisas também. Feminismo é a ideia radical de que mulheres têm direito a muitos docinhos, mas sem precisar entregar a delícia. Como sabemos, não são obrigadas a nada. Podemos observar esse plano em funcionamento em Hollywood. Codinome da operação de assalto: metoo. Há, porém, um problema com essa estratégia. A indústria do cinema é majoritariamente masculina, e os filmes mais rentáveis são os que têm apelo ao público masculino. Corte fora os bagos de Hollywood e o que você fez é capar o franguinho dos bagos de ouro. Pode levar aquilo pra casa e pendurar na parede como troféu. Só vai servir para enfeite, porque agora nem entregando a delícia vai sair docinho dali.
Alguns devem agora estar pensando que deve haver outra maneira de fazer política sem envolver-se com essa sujeira. Isso é uma ilusão. O que descrevi aqui não é a sujeira que existe na política, o que fiz foi descrever a política. Essa foi, inclusive, uma das razões pelas quais muitas mulheres não queriam saber de voto na época das sufragistas. Não eram mulheres apolíticas, muito pelo contrário. Elas tinham grande influência na sociedade, mas queriam exercê-la de fora, sem ter que empoleirar-se no pau sujo do galinheiro. Quem aceita docinho por amor também entrega a delícia, mas só quando a paixão mandar.