O Urubu e o Louro


Estamos na era da infantilização da mulher e do reforço de estereótipos de gênero promovido pelo movimento feminista, que supostamente veio para acabar com estereótipos de gênero e emancipar mulheres, transformando-as em adultos plenos e responsáveis por seus atos. Feministas seguem forte com seu marketing de que mulheres são crianças, vítimas indefesas e incapazes que não sabem o que fazem quando bêbadas, e homens são predadores sexuais que devem ir presos caso estuprem uma mulher enquanto bêbados. Homens, segundo feministas, sabem muito bem o que estão fazendo quanto embriagados, portanto os papéis de gênero estão bem definidos: homens são estupradores, mulheres são vítimas vulneráveis e inocentes.

De acordo com o critério de que transar com pessoa bêbada é estupro, podemos dizer que o número de predadores sexuais do sexo feminino estuprando homens por aí é significativo. Há entre homens a famosa mitologia do dormiu com a princesa e acordou com o dragão, que nada mais é do que homens alcoolizados em festas consentindo transar com mulheres com as quais dificilmente aceitariam transar caso estivessem sóbrios. É fazer pouco do cérebro feminino supor que elas são anjinhos inocentes que não sabem que a partir de certo horário da balada, homens estão "fáceis" em razão das copiosas quantidades de álcool que consumiram, ocasião em que suas chances de obter consentimento aumentam significativamente. Quando homens trocam urubu por louro, essa é a hora do currupaco. Louro quer biscoito.

A frase "não existe mulher feia, você é que não bebeu o suficiente" também denuncia que a atividade sexual predatória é uma realidade para mulheres. Por força de convenção cultural sexista, mulheres não são consideradas predadores sexuais quando agem como predadores pois mulheres são sempre seres puros e inocentes, incapazes de "se aproveitar" de um homem. Predadoras sexuais abundam na história, já que álcool e sexo sempre estiveram intimamente conectados desde que a humanidade dominou a fermentação alcoólica, coisa que pode ser atestada até nas escrituras da cultura judaico-cristã:

"No dia seguinte, a primogênita orientou a irmã: Na noite passada eu dormi com meu pai; façamo-lo embriagar-se também nesta noite e tu te deitarás com ele; a fim de que possamos preservar a linhagem de nosso pai! Então, outra vez deram muito vinho ao pai naquela noite, e a filha mais nova foi e se deitou com ele. Ló não tomou conhecimento quando ela se deitou nem quando se levantou. Assim, as duas filhas de Ló engravidaram do próprio pai." - Gênesis 19:34-36

Na história de Ló, suas duas filhas o embriagam para "aproveitar-se dele" e engravidar do pai. Definitivamente é o que podemos definir como predadora sexual. O grau de desorientação de Ló é o que feministas usariam para decretar que Ló foi estuprado caso fosse uma mulher. Nenhuma delas vai entender que Ló foi estuprado pois não existe isso de que uma mulher pode aproveitar-se de um homem, ainda que aja de forma maliciosa e premeditada, avançando sobre ele em momento em que esteja desorientado pelo álcool que ela mesma forneceu para aumentar suas chances de obter consentimento.

De fato, não existe. A ideia de que Ló, mesmo severamente intoxicado pelo vinho maliciosamente fornecido, não sabia que suas filhas estavam montando em cima dele é bastante ingênua. Ló sabia perfeitamente que estava cometendo incesto. O ato foi voluntário, já que ocorreu sem violência, sem que as filhas o segurassem ou o forçassem a fazer qualquer coisa que não quisesse fazer. Talvez estivesse tão embriagado a ponto de nem se lembrar do que ocorreu no outro dia, mas, no momento em que estava ocorrendo, Ló estava ciente de que estava envolvido em chumbregância não com uma, mas com duas filhas em sequência. Isso não é estupro de vulnerável, é só um homem adulto voluntariamente cometendo incesto enquanto está trilili com litros de Merlot e Carmenere. 

Não existe predação sexual entre adultos, já que afirmar tal coisa é ser sexista com ambos os sexos. Quando um adulto não quer, dois não transam. Quem envolve-se sem coação ou ameaça em chumbregâncias com um chumbregador não é sua vítima, e sim, seu cúmplice. Álcool é a desculpa que a sociedade dá a mulheres para que possam dizer que foram enganadas quando consentem embriagadas, portanto houve vício no consentimento. Enganadas não foram. Na hora aquilo lhes pareceu uma boa ideia. Descobrem que não era apenas no outro dia, quando concluem não teriam consentido caso estivessem sóbrias, portanto precisam de um artifício legal para voltar no tempo e reescrever os eventos de acordo com seu volúvel arbítrio e salvar sua honra de fêmea casta e pura.

Arrepender-se de ter transado, aliás, é algo que ocorre frequentemente com indivíduos sóbrios, assim como não arrepender-se de ter transado é coisa que ocorre frequentemente com pessoas que transam severamente embriagadas. Como vemos, o critério que mulheres usam para concluir que foram estupradas durante sexo embriagado não é, nem nunca foi, desorientação causada por intoxicação alcoólica, mas sim, arrependimento. Consentiu, mas mudou de ideia, portanto foi estupro. Se não mudou, aí foi só sexo, manguaça e rock'n'roll, aquilo que mulheres pensam estar plenamente capacitadas para fazer até que decidam que não estão.

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