Você tem razão, mas perdoe a mulher que te amargurou
Esses dias escrevi sobre o tarado do você está certo, por isso está errado. Acho que acabo de encontrar um novo espécime da fauna digital para catalogar: o tarado do você têm razão, mas deve perdoar a mulher que te amargurou. Se para escrever um textão sobre egocentrismo da mulher moderna e hipergamia o cara tem que estar amargurado, calcula aí o grau de amarguramento de um ginecologista. Zulivre! É tanto amargura só pra ser técnico em buceta que não gosto nem de pensar.
Uns tempos atrás, vi um ginecologista reclamando nas redes. Tentou explicar menstruação para uma empoleirada de 12 anos e ela o acusou de mansplaining. Aposto que na sequência foi atacado pelo tarado do você tem razão, mas deve perdoar essa mulher que te amargurou tanto. Depois ninguém sabe porque homens são 80% dos suicidas. É amargura profunda, só pode. Já não conseguem perdoar as moliéres, aí aparece o tarado pra falar merda e o sujeito decide que não há mais razão para continuar esperando o meteoro.
Se você acha que está difícil para ginecologistas, não conhece o drama dos professores de dança nos EUA. Semana passada, vi no Youtube um video de um gringo falando sobre o grau de arrogância das americanas e ele contou a história de uma amigo dele que é professor de dança. Foi tentar conduzir a aluna na aula e ela não queria ser conduzida de jeito nenhum. Mas por que não queria ser conduzida? Ora, porque ela nasceu para liderar, não para ser conduzida. Se nessa hora aparecesse o tarado do você tem razão, mas tem que perdoar, acho que ele se matava, mas matava o tarado antes. É o que eu faria. Eu vou, mas você vem junto.
Já sabemos qual é o problema com o tarado. Ao ouvir que mulheres têm certos problemas, o white knight surta e já sobe de lança no pocotó defender as meninas. Ele sabe que eu tenho razão, mas não podemos falar certas coisas pois isso pode irritar azdeusas. Tá, mas e qual o problema em irritar as divindades? Bom, quando as deusas se irritam, elas não vão querer mais dar a pepeca. Isso não é problema para o white knight, porque ele já sabe que elas não vão dar a pepeca pra ele. Ele não leva biscoito lambendo a botinha, mas está tudo bem, pois o que ele queria mesmo era lamber a botinha. Só de pensar em lamber a botinha ele já abana o rabinho e late au-au.
Essa tara por tratar mulheres que não vão nem mesmo transar com você como deusas só para ter a chance de lamber botinha é meio tarada. Entendo de onde vem essa tara, mas faço de conta que não entendo só pra me fazer de desentendido. Se eu quero transar com uma mulher e sei que ela quer transar comigo, bom, aí eu até entendo. Noffa, deusa, a mais magavilhosa, a mais linda, nunca tinti por outra o que tinto purvocê, xala, lá, xalalá. Esse é o script básico que o white knight vai usar. O que eu prefiro é outro, mais sutil, menos brega, mais caliente, mais crocante, mas que, no fim, tem o mesmo objetivo: deixar o biscoito molhado pra poder molhar o biscoito.
O que me irrita mesmo é que um arigó desses quer defender mulheres prestando um desserviço a mulheres. Se eu tivesse uma filha, o mínimo que eu ensinaria a ela é sobre sua hipergamia, já que é a maneira como a libido feminina se manifesta. Hipergamia é a perdição da mulher, assim como a libido masculina é a perdição do homem, aquilo que faz com que você pare de analisar coisas objetivamente, deixando-o exposto às intempéries. Saber como sua libido funciona não faz sua libido desaparecer, mas ao menos agora você está em condições de saber as consequências de deixar-se dominar por ela.
Ao longe, Dollynete observa a lasanha. Deixa a lasanha lá, Dollynete. Quer beliscar a lasanha, belisca, mas tem que saber que uma dieta de longo prazo à base de lasanha, sorvete e docinho em grandes quantidades vai acabar em vibradores e gatos. Essa dieta é venda casada. Como diz Camille Paglia às meninas: you can't have it all. Nessa hora o tarado cala a boca. Paglia é lésbica, então certamente já foi amargurada pelas moliéres, mas o tarado não vai falar nada quando ela tem razão porque é um totó adestrado. É o que capacho de fêmea faz. Quando uma mulher fala, ele cala a boquinha e abana o rabinho.