Delegado Bluepillynskyj


Ficar surpreso por encontrar bluepillagem na cabeça de blue pills é como ficar surpreso por achar idiotice na cabeça de idiotas, então nada do que já não era esperado foi declarado no podcast do Todo Dia uma Bluepillagem Nova, que entrevistou Paulo Bluepillynskyj, o delegado que sobreviveu ao fuzilamento da companheira.

Bluepillynskyj vive em Nárnia, o universo de fantasia onde sua narrativa foi invertida na mídia porque ele é armamentista e de direita, e onde não existe esse negócio de ódio e sexismo contra homens. Totalmente pirulinha azul, mas que o delegado era escravoceta já se sabia, então não vale bluepillar agora e dar piti histérico porque achava que o cara ia voltar da luz vendo a luz. É preciso bem mais do que algumas azeitoninhas para comover um blue pill treinado e valente. Cerca de 90% das vítimas de assassinato no país são homens, mas o delegado defende penas mais duras para mulhericídio. Para Bluepillynskyj, um legítimo representante da parcela machista da população masculina, mulheres são biscoitinhos frágeis, doces, inocentes, e indefesos, portanto assassiná-las é covardia por causa do desnível de força.

O curioso é que não usamos o argumento do desnível de força entre homens para tipificar violência letal entre eles, sem mencionar que nem sempre a mulher é o que poderìamos entender como hipossuficiente. Policiais femininas, aliás, nem mesmo podem se declarar fisicamente hipossuficientes, já que isso as tornaria inservíveis para a corporação, então a imagem que o delegado faz de mulheres na realidade desmerece e insulta suas colegas de trabalho. Seja como for, desnível de força é fato corriqueiro na violência entre homens. Geralmente o hipossuficiente é o que foi para o hospital com a mandíbula quebrada. Aliás, desnível de força física nem mesmo é necessário para causar estrago, já que uma simples faca de cozinha nivela qualquer DR. 

Temos também vários desniveladores de força disponíveis no mercado, como a Glock 9mm Desnivelêitor, a pistola preferida de modelos e piriguetes. A não ser que você esteja enfrentando um elefante ou um rinoceronte, pode estar seguro que com uma dessas na mão a parada está desniveladíssima. Seu delegado, não seria o caso, durante o enfrentamento entre homem desarmado e uma piriguete com uma Glock 9mm, de identificar que existe ao menos um razoável desnível de força que teria o condão de tipificar ato covarde e merecedor de pena mais elevada? 

Viés de seleção é um câncer cognitivo que consiste em achar que o mundo é lisinho porque você não consegue achar pentelho em ovo, e obviamente o cerebrinho do blue pill funciona à base de viés de seleção e outras falhas cognitivas diversas. Como é comum na mente de blue pills, o delegado acha que o fenômeno da violência doméstica é um universo de homens agressores e mulheres vítimas, já que ele mesmo é o cara que testemunha esse tipo de coisa no seu trabalho. De acordo com o delegado, você é leigo e não entende do assunto, porque nunca viu como fica uma mulher vítima de violência doméstica que apanhou dos homens que ele prende. Mas delegado, você já viu como fica um homem que sofre violência doméstica depois que leva uma facada? Sei lá, ao menos já viu como fica um homem após ser alvejado várias vezes com uma Glock 9mm pela companheira? 

Esse delegado tem que ficar mais ligado. Por isso levou tiro. É desatento e não faz a mínima ideia do que acontece ao seu redor nem depois de levar uma saraivada de chumbo. No mínimo ficou lá, caído no chão, sem entender como foi possível a uma mulher causar aquele estrago todo. Pô, Batgirl! Esperava menos de você. Beeeem menos. Como todo blue pill, o delegado possui uma fé inabalável na crença de que mulheres são totalmente impotentes, incapazes de ferir uma mosca, que dirá um homão fortão tico de elite como ele, treinado para lidar com qualquer encrenca. Como pode um macho ninja desse calibre levar volta de mulher? Hummm... o delegado não sabe. Blue pills sempre dão telinha azul nessa hora.

Após defender leis que “equilibram forças" entre homens mulheres, o delegado foi indagado sobre o desequilíbrio de forças no caso das falsas acusações, onde temos homens incapazes de se defender da máquina Estatal. Resposta do delegado: Foda-se. Se você está achando ruim ser injustiçado pelo sistema penal brasileiro, pare de se fazer de vítima e suma do país, pois estar aqui é uma escolha. Mas delegado, não seria o caso de cancelar toda a legislação que protege mulheres, inclusive as que você propõe, e dizer às mulheres para pararem de se fazer de vítima e sumir do Brasil, pois só estão nesta zona de país porque querem?

Esse é o momento em que a vontade que dá é que a narrativa verdadeira seja a da mídia. Homem é agressor mesmo, então não existe isso de homem sofrendo violência doméstica. Priscila é uma santa criatura que estava confusa e sofrendo. Claramente foi vítima de violência psicológica do companheiro machista, que forjou tudo para incriminá-la. Que escroto. Mesmo que não tenha sido forjado, a menina com certeza teve bons motivos para atirar, porque mulheres sempre têm bons motivos para assassinar os companheiros, portanto são sempre merecedoras de compreensão, empatia e leniência das autoridades.

Mulheres podem não saber nem porque estão atirando, mas os machos escrotos sabem porque estão levando tiro. Esse meme invertido já foi popular nos tempos do politicamente incorreto, mas era só uma piada. No caso de homens o bagulho é sério. Pelo menos é o que se vê no sistema jurídico ame-o ou deixe-o e foda-se defendido pelo delegado, que funciona assim ou pior em qualquer lugar do mundo, portanto não adianta se mudar pra lugar nenhum onde exista um Estado de Direito. 

Talvez Antártida seja uma opção. O Amir Klink já esteve lá. Nenhuma fêmea de pinguim o acusou de assédio. Qualquer lugar onde a cerveja está sempre estupidamente gelada e as fêmeas não reclamam de assédio deve ser um lugar legal.

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