Isso é Coisa de Mulherzinha
Observe que ninguém tem problema algum com a ideia de usar o termo mulher masculizada como pejorativo. A expressão foi projetada para ser um pejorativo para mulheres, não um mecanismo para diminuir homens. Precisamente o mesmo ocorre com o termo mulherzinha, que não só foi projetado para tratar homens de forma pejorativa, como pode ser usado até mesmo contra mulheres de forma pejorativa, o que torna o termo mais versátil do que a expressão mulher masculinizada. Quando nos referimos a uma mulher como "essa mulherzinha", obviamente nosso objetivo não é elogiá-la ou ressaltar alguma virtude normalmente associada ao estereótipo feminino. Podemos observar, adicionalmente, que ninguém tenta ofender homens dizendo a eles que são um mulherão. Tal expressão é utilizada, entretanto, para elogiar mulheres trans. Embora sejam um homem biológico, dizer que são um mulherão é elogio, e não um pejorativo.
Mas qual o problema das feministas com a expressão mulherzinha? Nenhum. A questão é que um dos objetivos do feminismo é a demonização da masculinidade, portanto a expressão mulherzinha foi substituída pela expressão masculinidade frágil. Para que os otários, digo, incautos não notem que estão sendo tapeados, feministas usam seu batido e surrado truque de prestidigitação vitimista mimimi tão me oprimindo ao sugerir que mulherzinha é um termo sexista que tem a intenção de diminuir mulheres, algo que, só para variar, é uma afirmação mentirosa e 100% falsa.
Imagine o que aconteceria se homens exigissem que seu medo de homossexuais fosse não só tolerado como considerado virtude? O que temos aqui é empoderamento masculino. Machões orgulhosos de sua medrosa aversão a homossexuais é o que feministas rotulam como masculinidade frágil. Se analisarmos de perto o termo mulherzinha, veremos que machões homofóbicos são exatamente o que definiríamos como mulherzinhas. Claro que não há problema em autorizar fragilidade no outro, mas no momento em que o outro arvora para si status de virtude para sua fragilidade, ele é seguramente uma mulherzinha, a coisa que o termo melhor define.
Fragilidade não é virtude, mas mulheres são o gênero que tem autorização para entender sua fragilidade como tal. Esse é um privilégio que mulheres sempre tiveram, mas feministas, só para variar, criaram o termo empoderamento feminino para apropriar-se desse privilégio e declarar que o que as mulheres sempre tiveram lhes foi dado pelo feminismo. Nenhum homem tem permissão de vangloriar-se de ser capaz de trocar um pneu, mas o que uma mulher que orgulha-se de ser capaz de trocar o pneu está fazendo? Orgulhando-se de sua fragilidade e celebrando seu empoderamento, que é o privilégio de poder gabar-se de concluir uma tarefa que para homens seria algo trivial e não digno de nota.
Feministas poderiam usar simplesmente a palavra poder: a mulher trocou o pneu, logo, é poderosa. Tal imbróglio é ridículo demais até mesmo para feministas, então elas tiveram que investir em alternativas, como a palavra empoderamento. Empoderamento, como ideia de que se pode ceder poder a alguém, é uma contradição. Se poder tem que ser cedido a você, a única coisa que isso significa é que você não é poderoso. Margaret Tatcher nunca vai ser símbolo de mulher empoderada pois não pediu licença para ser Primeira Ministra. O cargo não foi uma concessão de cavalheiro disposto a ceder seus "privilégios patriarcais". Tatcher foi alçada ao poder pois era a melhor opção entre os vários homens disponíveis ou mesmo outras opções femininas. Isso é poder, algo que feministas abominam. O que feminista adora é de empoderamento feminino, que nada mais é do que a versão mulher da masculinidade frágil.
Feministas são mulherzinhas. Se elas são sinceras e logicamente coerentes, serão obrigadas a usar seu próprio critério de análise etimológica e entender que isso foi um elogio. Aposto meu piu-piu que não é isso que vai ocorrer.