Wolverine & Mia


Está todo mundo sem saber o que falar da Mia Khalifa, que miou para o gato comer seus vídeos pornô só para em seguida começar a cobrar por fotos miau para prática de onanismo artístico, então essa é uma boa ocasião para falar sobre objetificação sexual. Meu textão é longuinho, mas se você me acompanhar até o final, prometo que vai aprender tudo que sempre quis saber sobre objetificação sexual, mas estava excitado demais para perguntar. Orgasmos múltiplos garantidos ou sua brochada de volta.

Pra começo de palavrório devemos deixar bem claro que essa conversa de que objetificação sexual é desumanizante é mais furada do que camisinha do Mick Jagger. Pelo contrário, remover a dimensão sexual do indivíduo é desumanizá-lo, visto que somos uma espécie sexuada. Sexo, depois de sobrevivência, é nossa prioridade. Isso para fêmeas, porque machos na natureza estão dispostos a literalmente morrer para ter a chance de passar aquela porra adiante. Todos nascemos programados para querer ser o objetão do nosso objeto, o último biscoito recheado do pacote do nosso gênero crush. Sexo está intrinsecamente ligado à nossa saúde mental, é dimensão construtora da nossa identidade.

A ideia de que objetificação é deletéria por ser unidimensional também não tem fundamento. Nos envolvemos com personificações unidimensionais dos indivíduos o tempo todo, geralmente centrados naquilo em que se destacam. Visualizamos artistas através da sua dimensão criadora, físicos por sua dimensão científica, esportistas por sua dimensão atlética, políticos por sua dimensão corrupta. Estão sempre querendo nos ferrar, esses sacanas. Nada disso significa que negamos o caráter multidimensional das pessoas. 

A única diferença entre Paulo Zulu, o top model brasileiro, e Mia Khalifa, é o modo como usam o corpo, já que a dimensão que se destaca neles é a mesma, o corpo. Mulheres estão autorizadas a pensar o que quiserem quando olham para o Zulu. Tudo é puro e sacrossanto na mente erótica feminina. Óbvio que qualquer coisa que passe pela cabeça de homens quando olham para a Gisele Bündchen é sujo e pervertido. Não sei o que esse pessoal tem contra um inocente boquetinho. Estou falando de boquete no Zulu, seu doente tarado. Boquetinho pro Zulu elas não negam, pode ter certeza. Se atracam no Zuluzinho como se fosse a última coisa que vão chupar na vida. Só elas podem pensar nisso, é claro. Quando eu descrevo essa situação, aí eu que sou podre.

Gays objetificam outros homens, lésbicas objetificam outras mulheres. Até feministas tem seu objeto sexual. De acordo com elas, todo homem é lixo, então são lixosexuais. Tem tesão pelo lixo. Já o lixo, o alvo da sua desumanização, não têm direito a objetificar ninguém a não ser modelos XXXL plus size, que por acaso é o tamanho que eles não têm interesse em objetificar porque são machistas. Homens são machistas quando objetificam e quando não querem objetificar. Greenpeace nos salve da extinção dos cetáceos, é muito machismo.

Como disse, o que queremos é ser objetos sexuais. Meninos, por exemplo, sonham em ser um Wolverinão bad boy. Mas por que eles querem ser Wolverine? Ora, quem foi no cinema ver X-Men sabe que 9 entre 10 meninas saíram da sala de exibição tendo sonhos molhados com o Wolverine. A décima era lésbica, não quis responder à pesquisa e disse que só fala na presença do seu advogado. Inspecionando o gráfico fica fácil entender a fixação das mulheres pelo Logan. Olha azunha desse animal rosnador. Pra aparar aquilo ali tem que chamar um batalhão de manicures ninja das preparada, e já aciona mais uns dez porque o primeiro ele vai devolver fatiado, frito e jantado. 

Por Magneto, é muito adamantium. Nem mesmo Jean Grey, a mutante mais poderosa das telonas, foi páreo para o Carcaju. Acabou fatiada também. Partiu voluntariamente dessa pra melhor com um sorrisinho maroto no rosto, rendida, renascida, redimida, transformada, abençoada pelo poder curativo do Unha Delícia. Ui, que calor!

Claro que nem todo homem nasce com essa unha toda. Porque não nascem com unha, ficam reclamando que as mulheres só gostam dos bad boys e não querem saber deles, os caras legais e queridos. Sim, claro. Legal, querido e feio que dói, um Frankencel Incelstein, também conhecido como garoto Baygon: irrita, tonteia, espanta mas não mata. Uma criatura dessas é melhor que nem transe mesmo. Se por acidente conseguir engravidar alguém, ninguém sabe que espécie de capeta vai conseguir acesso ao mundo dos vivos por meio desse ritual demoníaco de chumbregância profana. Cruz credo.

Agora você já sabe por que inventaram os mosteiros. O objetivo é ter um lugar para desovar os entulhos, encostos e outras assombrações. Os desunhados ficam lá meditando pra ver se conseguem esquecer a marvada, visualizando a vagina como mero orifício reprodutor com um buraco mijador em cima. Ui, que nojo! Nem queria mesmo. Não é isso tudo que ficam falando por aí. Patashoka nabu tchakra, ohmmmmmm...

Toda mulher, por sua vez, quer ser Mia. Até a Mia, antes de ser Mia, miava porque não era Mia. Depois de virar Mia, miou pra deixar de ser Mia, mas era só miadeira pra poder continuar miando. Miar é o que as meninas querem, é o que fazem o tempo todo. Mas porque elas querem ser Mia? Ora, por causa do Tico, o Tico Mia. Querem ser Facinho também. Tico Mia Facinho, sem digestivos alcoólicos. Vai sóbrio mesmo, produto orgânico, au naturel, sem aditivos, agrotóxicos ou outras pimentas engostosantes. Olhando a tabelinha dá pra entender por que esse apetite todo. Mia é das crocantes, das vitaminadas, das nutritivas. Essa é saudável e balanceada. Dá pra comer tranquilo.

Claro que nem toda mulher nasce com essa substância toda. Porque não nascem com substância, ficam miando por causa dos padrões nutricionais alimentares da sociedade patriarcal gastronomicopressora. Mi olhe, mi queira, mi coma, um mimimi sem fim. A coisa lógica a esperar nesse cenário é que, uma vez que consigam se encaixar nos padrões nutricionais patriarcalmente exigidos, elas parassem de miar. Santa miadeira, Batgirl, agora sim que o miau começa. 

Ãeein, esses machos escrotos ficam mi opremêindo, é muito fiu-fiu, muita cantada. Não aguento mais esse açédiu, não tenho culpa se sou saborosa. Mi largue, mi deixe, mi esqueça. Mimimi. Não, você não, gatinho! Estou falando desses ômi feio, pobre e esfomeado. O resto pode vir comensal que hoje estou simbiótica. Como podemos ver, quanto mais atenção você dá pra elas porque estão miando, mais elas miam pra ganhar atenção. É muito miau essas gatinhas.

E então? Já sabe agora quem é que mia? Não sabe né? Não sabe porque não para de pensar em cheeseburger e não presta atenção no que escrevo. Pensa em cheeseburger no almoço, cheeseburger no lanche e cheeseburger na janta. À noite cai bem um cheeseburguer na ceia, né? É pro cara adormecer pensando que quando acordar no outro dia vai abrir o olho, virar pro lado e dar aquela cutucada pra pedir um cheeseburger. Quando a gente já sai da cama bem alimentado, o café da manhã tem outro sabor.

Preste atenção desta vez, seu morto de fome: cheeseburger mia. O gato mia, o totó mia, a periquita mia, o Tico mia, a perereca mia, o Wolverine mia, a vaquinha mia. Todo mundo mia. Até a Mia mia. É uma miação dos infernos. The miadeira never stops.

Miau. Acho que vi um cheeseburger, mas não tenho certeza. Provavelmente foi só tesão de ótica, um fenômeno comum com os homens, que possuem visão ultra seletiva. É por isso que profissionais de marketing feministas não querem fazer comerciais de cerveja com Mia Khalifa. O cérebro masculino é dotado de hiperfoco, o que induz os meninos a ignorar qualquer coisa em torno do alvo selecionado e enxergar só o que interessa.

Se não for comestível, não interessa.

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